Era só mais uma tarde. Estávamos em sua casa, eu no sofá e você no chão. Nunca percebi essa sua mania de sentar no chão duro e frio, quando havia espaço no sofá quente e confortável.Estávamos vendo um filme. Sim, um filme, infelizmente você nunca gostou de seriados. Tão diferente de mim. Eu e você assistindo seriados juntos? Seria perfeito, mas é impossível…
Somos como ímans, de lados diferentes, mas são essas diferenças que nos atraem e fazem com que sejamos um só. Fazem com que sejamos este casal tão apaixonado. Fazem com que eu tenha este vício por você.
Então você teve uma das suas atitudes tão imprevisíveis. Uma pergunta. Uma pergunta que me deixou totalmente congelada, eu queria responder certo, como se fosse uma rapariga daqueles filmes que sabe sempre o que dizer. Mas eu não sou. Parei e olhei pra ele. O que foi que eu vi em você? Eu sei que já devia ter uma resposta pronta. Fiz uma busca rápida pelas nossas memórias, momentos e erros. O que foi que me fez apaixonar tão perdidamente por você? Talvez o seu sorriso? Ou do seu cabelo sempre bagunçado? Não sei. Mas eu tinha de responder.
-Pessoas são como os livros, sabe? Livros sem fim. Quanto mais você os lê, mais você sabe. E eu nunca gostei de desistir de um livro, e faço sempre questão de o ler até ao fim. – fiz uma pausa e fitei o chão, ele continuava me encarando – Dizem que nunca podemos julgar um livro pela capa, e isso serve para as pessoas também…
-Sim, mas eu sou um zero. – disse ele, me interrompendo – Como és capaz de te interessares por mim?
-Cada livro tem sua própria maneira de ver o mundo. E eu amei a sua. O seu livro é bastante complexo, mas eu faço questão de ler cada palavrinha e de compreender todas as frases. Você é diferente de todos os outros, e é isso que te torna especial – respondi sorrindo.
-Sabe de uma coisa?
-O quê?
-Você é o melhor livro que eu já li.